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A importância da tomada de decisão na contabilidade

  • Contador SC
  • 26 de jul. de 2022
  • 5 min de leitura

Frequentemente estamos tomando decisões do tipo: a que hora iremos levantar, que escola matricular os filhos, qual a viagem de férias, que carro comprar, decidir por qual rota de trânsito, que supermercado, qual trabalho desenvolveremos durante o dia, entre tantas outras.


Algumas vezes, são decisões importantíssimas: o casamento, a carreira que escolhemos, a aquisição de casa própria, aplicar em poupança, fundos de renda fixa ou variável, para exemplificar.


Evidentemente que estas decisões mais importantes requerem um cuidado maior, uma análise mais profunda sobre as informações disponíveis, sobre os critérios racionais, os impactos ocasionados pelas variáveis do mundo externo, e até mesmo o aspecto emocional íntimo, pois uma decisão importante, mal tomada, pode prejudicar toda uma vida.


Planejar antecipadamente nossas decisões ajuda-nos a diminuir o risco de cometer erros.


Tomada de decisão no âmbito interno da empresa

Assim como na vida pessoal, se pensarmos em termos de empresa e os seus ambientes de relacionamentos internos e externos, a situação não é diferente. Frequentemente, os responsáveis pela administração estão tomando decisões, todas importantes, vitais para o sucesso do negócio.


Por isso, há necessidade de dados, de informações corretas, de subsídios que contribuam para uma boa tomada de decisão. Decisões como comprar ou alugar uma máquina, definir preço de venda do produto, contrair uma dívida a longo ou curto prazos, que quantia de dívida deve ser contraída, que quantidade de itens para estoque deve ser comprada, produzir mais, quais produtos devem ser eliminados, reduzir custos de produção ou terceirizar a produção, entre outras tantas que impactam a vida da empresa em sua missão de se perpetuar.


A empresa é definida como um complexo sistema aberto, que se inter-relaciona com o ambiente externo, pois depende de clientes, fornecedores, empregados, sócios/acionistas, sindicatos e até mesmo das comunidades e do governo que de uma forma geral impactam diretamente o futuro das empresas. A Contabilidade é o principal instrumento que subsidia os administradores e os gestores a tomar decisões.


Aliás, ela coleta, registra, classifica e sintetiza todos os fatos econômicos ocorridos (passado), por exemplo, compra de mercadoria, matéria-prima, máquinas e equipamentos, pagamento de fornecedores, empregados e impostos, venda de mercadoria, de produtos e de serviços, mensurando-os monetariamente para transformá-los em informações demonstradas em relatórios financeiros (demonstrações contábeis), que possibilitaram a mensuração do Patrimônio e do resultado obtido em determinado período.


A Contabilidade é uma ciência que se baseia em princípios aplicados a todos os tipos de negócios, buscando apoio em diferentes áreas específicas, de forma padronizada, de modo que as informações de ganhos financeiros, prejuízos e grau de endividamento sejam facilmente lidas e interpretadas por todos os interessados.


Por exemplo, para uma empresa vender seus produtos (tipo de negócio), ela precisa (1) dos dados de cotação do dólar, taxa de juros etc., que são dados próprios da economia (área específica), (2) do planejamento das vendas, (3) do momento adequado para vender os tais produtos, e (4) para quem os vender, que são tomadas de decisão, próprias da administração (outra área específica).


Tanto José Carlos Marion como Sérgio de Iudícibus reforçam essa sintonia entre as diferentes áreas que auxiliam a Contabilidade durante a aplicação de seus princípios, em variados negócios. Enquanto no livro Contabilidade empresarial, de Marion, 18ª edição, p. 4., é nos apresentado que “A Contabilidade é a linguagem dos negócios. Mede os resultados das empresas, avalia o desempenho dos negócios, dando diretrizes para tomadas de decisões”, Iudícibus escreve, em seu livro Teoria da contabilidade, 10ª edição, p. 67, sobre a sintonia da Contabilidade com as áreas da Economia e da Administração “De certa forma, fazendo uma grande simplificação e analogia, a Economia planeja, a Administração executa e a Contabilidade controla…, os resultados das empresas, avalia o desempenho das transações comerciais, dando diretrizes para a tomada de decisões”.


Má gestão administrativa

Observamos com certa frequência que várias empresas, principalmente as microempresas e as de pequeno porte, têm falido ou enfrentam sérios problemas de sobrevivência.


Ouvimos empresários que criticam a carga tributária, os encargos sociais, a falta de recursos, os juros altos etc., fatores estes que, sem dúvida, contribuem para debilitar a empresa. Entretanto, descendo a fundo nas nossas investigações, constatamos que, muitas vezes, a “célula cancerosa” não repousa naquelas críticas, mas na má gerência, nas decisões tomadas sem respaldo, sem dados confiáveis, sem controle de fluxo de caixa, falta de processos e controles, de planejamento, e assim se perdem quando o assunto é administração financeira.


Por fim observamos uma Contabilidade que registra informações irreais, fúteis e distorcidas, que não servem para orientar o gestor e empresário a tomar decisão, em consequência de ter sido elaborada única e exclusivamente para atender às exigências fiscais. Vivemos um momento em que “aplicar os recursos escassos disponíveis com a máxima eficiência” tornou-se, dadas as dificuldades econômicas (concorrência, novos modelos de negócios, internet etc.), uma tarefa nada fácil.


A experiência e o feeling do administrador não são mais fatores decisivos e suficientes para manter empresa viva no mundo atual; exige-se um completo e complexo mapeamento de informações reais, que norteiem tais decisões. E essas informações estão contidas nos relatórios elaborados pela Contabilidade. Ou seja, não se pode tomar decisões sobre produção, marketing, investimentos, financiamentos, custos etc. sem a Contabilidade.


Tomada de decisão na Contabilidade fora dos limites da empresa

Obviamente, o processo decisório proveniente das informações apuradas pela Contabilidade não se restringe apenas aos limites da empresa, aos administradores e gerentes, mas também a outros segmentos, quais sejam:


Investidores: é por meio dos relatórios contábeis que se identifica a situação econômico-financeira da empresa; dessa forma, o investidor tem em mãos os elementos necessários para decidir sobre as melhores alternativas de investimentos. Os relatórios evidenciam a capacidade da empresa em gerar lucros e outras informações.


Fornecedores de bens e serviços a crédito: usam os relatórios para analisar a capacidade de pagamento da empresa compradora.


Bancos: utilizam os relatórios para aprovar empréstimos, limite de crédito etc.


Governo: não só usa os relatórios com a finalidade de arrecadação de impostos, como também para dados estatísticos, no sentido de melhor redimensionar a economia (IBGE, por exemplo).


Sindicatos: utilizam os relatórios para determinar a produtividade do setor, fator preponderante para reajuste de salários.


Outros interessados: funcionário (quer saber se a empresa tem condições de pagar seu salário ou não), órgãos de classes, pessoas e diversos institutos, como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o Conselho Regional de Contabilidade (CRC), concorrentes etc.


SÉRGIO DE IUDÍCIBUS

É professor titular aposentado (Emérito) do Departamento de Contabilidade e Atuária da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/ USP). Atualmente, é professor do Mestrado em Ciências Contábeis e Financeiras da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e membro do Conselho Curador da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (FIPECAFI). Foi Visiting Professor da Universidade de Kansas, nos EUA, quando, em 1986, ministrou, no Mestrado dessa instituição, as disciplinas Contabilidade Gerencial e Seminários de Teoria da Correção Monetária Contábil. Associou seu nome a uma importante etapa da evolução da Contabilidade no Brasil, quando, em 1962, juntamente com outros pioneiros, iniciou a mudança do ensino e da pesquisa em Contabilidade, lançando as bases de uma linha de pensamentos mais voltada para as necessidades do usuário da informação contábil. Exerceu, em várias gestões, a Chefia do Departamento de Contabilidade e Atuária da FEA/USP, bem como foi seu Diretor entre 1979 e 1983. Também exerceu a função de Diretor de Fiscalização do Banco Central do Brasil.


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