top of page

As empresas e seus recursos

  • Contador SC
  • 26 de jul. de 2022
  • 4 min de leitura

Toda produção depende da existência conjunta de certos componentes indispensáveis. No decorrer da Era Industrial, esses componentes eram tradicionalmente denominados fatores de produção: natureza, capital e trabalho, integrados por um quarto fator denominado empresa.


Para os economistas, todo processo produtivo se fundamenta na conjunção desses quatro fatores de produção.



Cada um dos quatro fatores de produção tem uma função específica:


1. Natureza: fator de produção que fornece as entradas e os insumos necessários à produção, como matérias-primas (MP), materiais, energia etc.


2. Capital: fator de produção relacionado com o dinheiro necessário para adquirir os insumos e pagar as despesas e os custos relacionados com a produção. O capital representa o fator que permite meios para comprar, adquirir e utilizar os demais fatores de produção.


3. Trabalho: fator de produção constituído pela atividade humana que processa e transforma os insumos, por meio de operações manuais ou de máquinas e ferramentas, em produtos acabados (PA) ou serviços prestados. O trabalho representa o fator de produção que atua sobre os demais, isto é, que aciona e agiliza os outros fatores de produção. É comumente denominado mão de obra, porque se refere principalmente ao operário manual ou braçal que realiza as operações físicas sobre as MP, com ou sem o auxílio de máquinas, equipamentos ou tecnologias.


4. Empresa: fator integrador capaz de aglutinar a natureza, o capital e o trabalho em um conjunto harmonioso que permite que o resultado alcançado seja muito maior do que a soma dos fatores aplicados no negócio. A empresa constitui o sistema que aglutina e coordena todos os fatores de produção envolvidos, fazendo com que o resultado do conjunto supere o resultado que teria cada fator isoladamente. Isso significa que a empresa tem um efeito multiplicador, capaz de proporcionar um ganho adicional, que é o lucro. Mais adiante, ao falarmos de sistemas, teremos a oportunidade de conceituar esse efeito multiplicador, também denominado efeito sinergístico ou sinergia.


Modernamente, esses fatores de produção costumam ser denominados recursos empresariais. Um recurso é um meio pelo qual a empresa realiza suas operações. Na realidade, a empresa aplica recursos para produzir bens ou serviços e obter lucro, por intermédio do efeito multiplicador da sinergia.


Os principais recursos empresariais são: recursos materiais, recursos financeiros, recursos humanos, recursos mercadológicos e recursos administrativos. Vejamos cada um deles.


Recursos materiais: são também denominados recursos físicos e englobam todos os aspectos materiais e físicos que a empresa utiliza para produzir, como prédios, edifícios, fábricas, instalações, máquinas, equipamentos, ferramentas, utensílios, MP, materiais etc. Constituem um recurso empresarial que ultrapassa o conceito do fator de produção denominado natureza, pelo fato de ser muito mais amplo e envolver insumos diretamente relacionados com a atividade empresarial.

Recursos financeiros: constituem todos os aspectos relacionados com o dinheiro utilizado pela empresa para financiar suas operações. É mais amplo do que o fator de produção denominado capital, pois, além do capital próprio, engloba toda forma de dinheiro – próprio ou de terceiros –, crédito, financiamento, para garantir as operações da empresa.

Recursos humanos: constituem toda forma de atividade humana dentro da empresa. Ultrapassa o conceito do fator de produção denominado trabalho, pois enquanto este se refere especificamente à mão de obra – a atividade manual ou braçal exercida pelo homem no processo produtivo –, os recursos humanos se referem a toda e qualquer atividade humana, seja ela mental, conceitual, verbal, decisória, social, como também manual e braçal.

Recursos mercadológicos: constituem toda atividade voltada para o atendimento do mercado de clientes e consumidores da empresa. Os recursos mercadológicos compreendem todo o esquema de marketing ou de comercialização da empresa, como produção, propaganda, vendas, assistência técnica etc.

Recursos administrativos: constituem o esquema administrativo e gerencial da empresa, desde o nível de diretoria até a gerência das atividades empresariais.


Cada um desses recursos empresariais é administrado por uma especialidade da administração: Administração da Produção, Administração Financeira, Administração de Pessoal, Administração Mercadológica ou Comercial e Administração Geral, respectivamente. A Figura 1.2 é bem representativa dos recursos e de sua administração dentro da empresa.



De acordo com essa colocação, existem cinco áreas principais dentro da empresa:


1. Produção ou operações: é a área que processa os materiais e as MP e os transforma em PA ou em serviços prestados. Nas empresas industriais, a produção ocorre dentro da fábrica ou da oficina, enquanto nas empresas prestadoras de serviços, a produção – também denominada operações – é realizada nos escritórios, nos balcões das lojas ou das agências bancárias, na área dos supermercados ou em shopping centers etc.


2. Finanças: é a área que administra o dinheiro da empresa, seja na forma de caixa, movimentação bancária, créditos, financiamentos, investimentos etc. No fundo, a Gestão Financeira (GF) transforma as entradas de dinheiro em pagamentos de materiais, insumos, serviços de terceiros, salários, encargos sociais, impostos, aluguéis assegurando a viabilidade do negócio etc.


3. Pessoas: é a área que cuida dos recursos humanos empregados na empresa. As pessoas estão presentes em todas as áreas e em todos os níveis da empresa e participam não apenas fazendo coisas, mas também analisando, solucionando problemas, criando e inovando, tomando decisões e proporcionando uma diversidade de competências à empresa.


4. Mercado: é a área que geralmente recebe o nome de Marketing ou de Comercialização e cuida da colocação dos produtos ou serviços produzidos pela empresa no mercado de clientes ou consumidores. O marketing assegura que os produtos ou serviços estejam adequados ao mercado em termos de características, embalagem, preço, venda, distribuição e satisfação do cliente. São os meios pelos quais o produto ou serviço é entregue ao consumidor final ou ao usuário que dele necessita.


5. Empresa: liderada pela alta direção da empresa, tendo no topo seu Presidente e demais diretores, que cuidam da sua administração geral.


A área de Gestão de Materiais (GM) – como veremos adiante – é parte integrante da Gestão da Produção (GP). Em outras palavras, a GM costuma ser colocada como uma especialidade da GP, uma vez que os materiais e as MP também são incluídos nos recursos materiais.



IDALBERTO CHIAVENATO

Idalberto Chiavenato é Doutor (PhD) e Mestre (MBA) em Administração pela City University of Los Angeles-CA, EUA, especialista em Administração de Empresas pela FGV-EAESP, graduado em Filosofia/Pedagogia, com especialização em Psicologia Educacional pela USP e em Direito pela Universidade Mackenzie. É professor honorário de várias universidades do exterior e renomado palestrante ao redor do mundo. É autor de mais de 30 livros das áreas de Administração, Recursos Humanos, Estratégia Organizacional, Comportamento Organizacional publicados no Brasil e no exterior. É fundador e presidente do Instituto Chiavenato, conselheiro do CRA-SP e membro vitalício da Academia Brasileira de Ciências da Administração onde ocupa a cadeira nº 47. Recebeu dois títulos de Doutor Honoris Causa por universidades latino-americanas e a Comenda de Recursos Humanos pela ABRH-Nacional.


Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page