Estratégia, estrutura e rivalidade entre as empresas
- Contador SC
- 20 de mar. de 2020
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Tanto a cooperação quanto a competição são fatores essenciais para forjarem competitividade. Isto faz com que a rivalidade doméstica mereça até maior atenção do que a rivalidade externa, pois ela influencia diretamente os níveis de inovação. Ou seja, a presença de concorrentes fortes na localidade, disputando fatias importantes do mercado local, estimula o processo de inovação, geração de valor, e criação e preservação da vantagem competitiva.
No Brasil, temos diversos exemplos em diferentes setores produtivos, onde a existência de pelo menos dois concorrentes fortes contribuiu para que ambos criassem e explorassem suas vantagens competitivas, nacional ou internacionalmente. No setor de papel e celulose, temos a Klabin e a Fibria. No setor de carrocerias de ônibus e caminhões, a Marcopolo e a Caio Induscar.
No setor de utensílios domésticos, temos a Tramontina e a Brinox. No setor de varejo virtual, temos a Via Varejo (Pão de Açúcar, Ponto Frio, e Casas Bahia) e a B2W (Americanas.com e Submarino.com). No setor alimentício, temos a JBS (Friboi e Seara) e a BRF (Sadia e Perdigão). Só para citar alguns exemplos.
Conforme já adiantado, nesse modelo de Porter, deve-se considerar a participação do governo no modelo como catalisador de todo o processo, capaz não só de incentivar as organizações a patamares mais elevados de desempenho − por meio do balanço entre competição e cooperação, e do respeito aos regulamentos antitruste (defesa da livre concorrência) −, como também de estimular a demanda por produtos mais avançados e inovadores.
Nesse sentido, os bancos públicos de fomento, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Financiadora de Inovação e Pesquisa (Finep), têm um grande papel a cumprir no exercício desse poder governamental de direcionamento da competitividade setorial.
Veja que o modelo Diamante, apesar de ser concebido sob uma perspectiva de país ou região, também pode ser aplicado às organizações. Uma empresa ou firma pode obter uma vantagem superior sobre os concorrentes a depender das condições dos fatores e da demanda, suas relações com setores correlatos ou de apoio, e sua estratégia diante da rivalidade e da estrutura do mercado em que atua.
Os fatores de produção, como capital, mão de obra, conhecimento, tecnologia e infraestrutura, podem estar dentro da organização, ou serem fornecidos por terceiros, organizações parceiras, dispostos em uma cadeia ou rede produtiva. A forma como a organização controla ou coordena o suprimento desses fatores pode ser decisiva para obter vantagem competitiva.
Da mesma maneira estão os setores correlatos ou de apoio, que fornecem insumos, produtos e serviços que a organização não dispõe. Para obter a vantagem competitiva, ela deve tratá-los como parceiros, inseri-los em uma cadeia ou rede produtiva, prever a demanda, trocar informação ou desenvolver tecnologia em conjunto.
As condições de demanda − como tamanho de mercado, poder aquisitivo, heterogeneidade, concentração geográfica e facilidade de acesso aos consumidores − também influenciam a possibilidade de a organização ter ou não uma vantagem competitiva. E, claro, a estrutura do mercado e a rivalidade da concorrência podem orientar a organização para uma melhoria contínua, de maneira a não apenas conquistar, mas, principalmente, manter uma vantagem competitiva sustentável.
Figura: Modelo das Cinco Forças de Porter

MURILO ALVARENGA OLIVEIRA
É professor Associado do Departamento de Administração e Administração Pública da Universidade Federal Fluminense (Pólo Universitário de Volta Redonda) ICHS/UFF. É coordenador do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu no Mestrado Profissional em Administração (MPA-PPGA-UFF-VR). É membro da Academy of Management (AoM) e da Teaching Society for Management Educators (OBTS). Sua produção tem ênfase em Administração de Empresas, atuando principalmente nos seguintes temas: jogos de empresas, simulações organizacionais, gestão de projetos, processo decisório e capacidades de inovação.
Fonte: Gennegociosegestao.com.br/
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