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Gestão de crise da covid-19 e o impacto financeiro nas empresas

  • Contador SC
  • 30 de abr. de 2020
  • 8 min de leitura

Ninguém sabe por ora qual a real dimensão da pandemia do novo coronavírus e ainda não é possível mensurar o impacto que terá sobre os sistemas de saúde e as economias ao redor do mundo. Salvar vidas, a segurança e o bem-estar dos trabalhadores e os empregos afetados pelo Covid-19 é a grande prioridade, mas as empresas também precisam se preocupar com outros itens essenciais, como a gestão financeira, a transparência, a divulgação de informações e a comunicação com seus colaboradores, clientes e demais públicos-alvo. Em resposta ao Covid-19, as empresas estão desenvolvendo seus planos de contingência rapidamente e ajustando sua matriz de riscos e a matriz de riscos cruzados com foco na estratégia e no caixa. Não esquecendo ai a velha matriz SWOT. Algumas empresas adaptam os planos existentes para lidar com esse surto e as incertezas, enquanto outras começam do zero. Além disso, a pandemia e a consequente crise deixarão para as empresas a tarefa de reinvenção de seus negócios. Uma grande questão aparece neste momento. Crescerão de fato os canais digitais? Gestão de Crise e o impacto financeiro nas empresas Com a presente crise batendo na porta das empresas, alguns aspectos também já podem ser constatados, como a comprovação da viabilidade do home office para muitas atividades corporativas, o uso massivo das ferramentas digitais nos conselhos de administração, Diretoria Executiva e demais órgãos das empresas, principalmente, quanto a consciência da relevância das análises preditivas para a definição de estratégias nas empresas, com uso de bancos de dados, stress testing e simulação de cenários e seus impactos na previsão do fluxo de caixa das empresas. Para a sobrevivência e o sucesso de qualquer empresa, é fundamental que o fluxo de caixa apresente liquidez, com ou sem inflação ou recessão, de forma a cumprir com seus compromissos financeiros, e que suas operações tenham continuidade, pois, se a empresa tem liquidez, ela pode gerar lucro. A gestão dos fluxos financeiros é tão relevante quanto a capacidade de produção e de vendas da empresa. O presente artigo aborda os principais aspectos para a elaboração e gerenciamento do fluxo de caixa de maneira objetiva, ressaltando a importância da qualidade da informação para projeção do fluxo de caixa centralizado (holding e das empresas controladas no País e no exterior, se houver). Dessa maneira, procura atender às necessidades que demandam os responsáveis pela área financeira da empresa. Também é dado destaque à diferença do conceito de lucro(econômico) e geração de caixa(financeiro). Ambos são importantes. Considera-se também que os contextos econômicos modernos de concorrência de mercado exigem das empresas maior eficiência na gestão financeira, não cabendo indecisões e improvisações sobre as negociações, aplicações e ou captações de recursos, e otimização de custos, despesas e investimentos, como também a revisão da curva de produção, quando necessário. Sabidamente, uma boa gestão de recursos financeiros reduz substancialmente a necessidade de capital de giro e alavancagem financeira, proporcionando maiores lucros com a redução das despesas financeiras. Se os fluxos de caixa são bem administrados, obtém-se maior segurança na utilização do capital de giro e do CAPEX. Essa é e deve ser a preocupação constante das empresas, pois os custos financeiros podem absorver valores significativos da sua receita operacional com impacto no EBITDA (potencial gerador de caixa, não é caixa). A preocupação com o fluxo de caixa não deve ser exclusiva das grandes empresas. As pequenas e médias empresas, bem como as empresas privadas ou estatais, independentemente do porte, também necessitam de um bom controle do fluxo de caixa operacional e o Fluxo de caixa Livre com a finalidade de atingir os seus objetivos de maneira adequada. Somente um sistema de fluxo de caixa bem gerenciado poderá dimensionar com segurança os custos e despesas fixas relevantes, impostos, folha de pagamento, capital de giro do negócio (estoques e contas a receber), investimentos CAPEX/OPEX e captação de recursos de forma eficiente (com baixo custo financeiro e prazo longo) e com harmonia entre produção, vendas e recebimento. Ou seja, o ciclo operacional e o ciclo de caixa da empresa devem estar devidamente alinhados. Um aspecto também muito importante em período de grande crises no mercado, temos que preservar o caixa no curto prazo para efeito de sobrevivência empresarial. Em época de grandes crises o lucro virá em segundo plano, transitoriamente, porém é um elemento econômico muito importante e relevante da Demonstração de Resultado da companhia, que irá se transformar em caixa em função dos prazos médios de recebimentos das vendas no fluxo de caixa.

Ou seja, O Balanço Patrimonial, a Demonstração de Resultados e o Fluxo Caixa da companhia, devem ser analisados sempre de forma combinada. Porém, neste momento de tamanha crise o caixa é o Rei. Diante do atual panorama econômico, existe uma tendência nas empresas em realizar, corretamente, uma revisão do plano estratégico e de Negócios, ajustar o foco em otimização de custos, despesas, preservação de caixa, revisão de operações com descasamento de moedas entre receitas em reais e Dívidas em dólar, negociação e redução de passivos (dívidas), redução do CAPEX, e eficiente administração do capital de giro, entre outras, conforme demonstrado mais adiante no quadro resumo. Neste momento de crise também é importante como a empresa está sendo vista pelo mercado financeiro e pelos seus potenciais concorrentes quanto ao funcionamento e eficiência do comitê de gestão de crise da alta administração (normalmente usados em grandes empresas), bem como a classificação e avaliação de riscos pelas empresas de rating, e pelo seu Valuation (precificação dos ativos) a preço de mercado no que se refere a eventuais demandas de merges and acquisitions. Quanto aos aspectos legais, financeiros e societários é importante também analisar os impactos na empresa da Medida Provisória n. 931, de 30 de março de 2020, que introduziu significativas alterações na disciplina das sociedades empresariais. A edição da MP 931 buscou solucionar alguns dos problemas societários enfrentados pelas empresas em razão da pandemia do coronavírus (Covid-19). Acredito que neste momento de crise é que os modelos de liderança serão testados (pode ficar claro que liderança a distância funciona bem)? Por essa razão, faço uma síntese no quadro abaixo das principais medidas financeiras sugeridas que devem ser analisadas pelas empresa de grande, médio e pequeno porte, considerado logicamente, sempre as particularidades do negócio, porte, estrutura societária, atividade operacional, faturamento, complexidade e canais de financiamento, através de um comitê de gestão de crises comandado pela alta administração (para as grandes empresas) para efeito de implementação de forma rápida e objetiva de medidas para preservação do caixa em época de crises, de forma evitar uma insolvência financeira da empresa no curto prazo.

Conclusão Considerando que ninguém sabe por ora qual a real dimensão da pandemia do novo coronavírus e ainda não é possível mensurar o impacto que terá sobre os sistemas de saúde e as economias ao redor do mundo. A segurança e o bem-estar dos trabalhadores e os empregos afetados pelo Covid-19 é a grande prioridade, mas as empresas também precisam se preocupar com outro item essencial que é gestão do fluxo de caixa. Ou seja, deve haver um equilíbrio emocional e bom senso nas decisões para atendimento das três demandas (salvar vidas, empregos e sobrevivência empresarial através do seu fluxo de caixa) dentro de um horizonte de tempo adequado ao mercado. As empresas também devem analisar as recentes medidas provisórias (principalmente a Medida Provisória n. 931, de 30 de março de 2020, que introduziu significativas alterações na disciplina das sociedades empresariais) divulgadas pelo governo seus impactos, bem como a legislação pertinente sobre as orientações sanitárias emitidas pelas autoridades competentes de saúde pública do País, e com base nessas orientações devem adaptar ou desenvolver seus planos de contingência com vista a implementação com inteligência, planejamento e velocidade das ações e medidas de planejamento e controle financeiro para preservação do caixa no curto prazo. A viabilidade do home office para muitas atividades corporativas, bem como o uso massivo das ferramentas digitais, principalmente, a consciência da relevância das análises preditivas para a definição de estratégias nas empresas, com uso de bancos de dados, stress testing e simulação de cenários tem grande destaque neste momento de gestão de crise. A boa gestão de recursos financeiros reduz substancialmente a necessidade de capital de giro e diminuição de alavancagem financeira, proporcionando maiores lucros com a redução das despesas financeiras e maior liquidez do caixa. A gestão do fluxo de caixa deve ser centralizada entre a empresa holding e suas controladas no país e exterior, se houver. A boa nota de classificação e avaliação de riscos pelas empresas de Rating é também um importante instrumento para a obtenção de linhas de créditos especiais no mercado financeiro interno e externo, bem como o Valuation da empresa, a valor de mercado, pode ser utilizado em planejamento estratégico e financeiro nos casos especiais e eventuais de fusões e aquisições. Diante do contexto atual e desta enorme crise de mercado e de saúde pública, sendo que não existe prazo para terminar, as empresas devem fazer o dever de casa na revisão do seu plano estratégico e de Negócios, com foco em otimização de custos e despesas, preservação de caixa, revisão de operações com descasamento de moedas entre receitas em reais e Dívidas em dólar, negociação e redução de passivos (dívidas), redução do CAPEX, e eficiente administração do capital de giro para sobrevivência do negócio. Em tempos de crises o caixa ainda é o Rei! Finalmente foi elaborado uma síntese com um quadro resumo com dezesseis sugestões para a análise e ajustes em função do porte, estrutura societária, faturamento e complexidade pelas grandes, médias e pequenas empresas a título de colaboração na implementação de medidas financeiras de caráter emergencial para combater a maior crise do mercado nas últimas décadas que a pandemia do coronavírus que se juntou à disputa entre Rússia e Arábia Saudita pelo controle de preços de petróleo e o resultado, como sabemos, não foi nada bom para os preços das ações, tanto por aqui como no resto do mundo. Por essa razão, o momento requer calma, equilíbrio e sabedoria nas decisões empresariais. É como disse Aristóteles: a virtude está no equilíbrio, no meio entre o zero e o infinito (Revista Capital Aberto Março-abril 2020 p.12).


EDSON CORDEIRO DA SILVA Edson Cordeiro da Silva, Graduado em Contabilidade e Economia, Doutor, Mestre em Sistema de Gestão pela Escola de Engenharia de Produção (Latec) da Universidade Federal Fluminense (UFF), com MBA em Finanças e Mercado de Capitais e Pós-graduado em Ciências Contábeis pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ). Ex-diretor do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF), Ex-Vice Presidente da ANEFAC-RJ (1991\1992), ex-diretor do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IAIB/Ibracon- RJ), ex-Auditor Independente-Pessoa Física (CVM) 1984, ex-membro efetivo da Câmara de Fiscalização (1990/1993) do Conselho Regional de Contabilidade - CRC-RJ, ex-membro da Associação dos Peritos Judiciais do Estado do Rio de Janeiro, ex-membro do Conselho Empresarial de Varejo e Governança Corporativa da Associação Comercial do Rio de Janeiro – ACRJ, membro da Academia Nacional de Economia-ANE (cátedra nº 050), e Certificate of Membership – The Institute of Internal Auditors Inc. New York (1978). Possui experiência de mais de 20 anos em cargos de gerência e diretoria nas áreas de Controladoria e Finanças em empresas de grande porte nas atividades de Varejo, Serviços, Seguros, Indústria, Mercado de Capitais, Governo e Informática. Atua também como consultor financeiro nas áreas de Finanças, governança corporativa, Gestão Empresarial, Controladoria e Projetos para Investimentos. Ex-Professor colaborador da Universidade Federal Fluminense-UFF, credenciado junto ao Curso de MBA - Desenvolvimento Gerencial Avançado com ênfase em Gestão de Negócios para ministrar a disciplina Governança Corporativa. No período de 1986 á 2000 foi Diretor de Controladoria do GRUPO GLOBEX UTILIDADES S/A (Companhia de capital aberto) e de 2001 á 2006, foi Diretor Financeiro da IPLANRIO (Empresa Municipal de Informática S/A.) e Presidente do Conselho Fiscal da RIOURBE (Empresa Municipal de Urbanização S/A). Conselheiro de Administração certificado pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, IBGC, SP, 2010. Atualmente trabalha como consultor na empresa Petróleo Brasileiro S/A – PETROBRÁS na Diretoria de Governança e Conformidade-DGC na área de Governança Corporativa. Autor dos livros: Como Administrar o Fluxo de Caixa das Empresas, 9ºedição 2005/16, Governança Corporativa nas Empresas, 4ªedição 2006/16, Relação com Investidores-(RI) e Governança Corporativa nas empresas, 1ª. edição, 2012, publicados pela Editora GEN/ATLAS.


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