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Investimento em capital de giro

  • Contador SC
  • 6 de fev. de 2020
  • 3 min de leitura

É sabido que o ativo circulante constitui-se, para diversos segmentos empresariais, no grupo patrimonial menos rentável. Os investimentos em capital de giro, conforme comentado, não geram diretamente unidades físicas de produção e venda, meta final do processo empresarial de obtenção de lucros. A manutenção de determinado volume de recursos aplicado no capital de giro visa, fundamentalmente, à sustentação de atividade operacional de uma empresa.


A necessidade de investimento em capital de giro é explicada pelo tempo que tarda entre a empresa adquirir e pagar suas matérias-primas e o momento do recebimento das vendas realizadas. É o denominado ciclo de caixa. (CLIQUE AQUI)


Dessa maneira, o mais rentável para qualquer empresa seria manter em seus ativos circulantes valores que atendam adequadamente as suas necessidades operacionais. Baixos níveis de ativo circulante determinam, juntamente com o aumento na rentabilidade, uma elevação nos riscos da empresa. É o conhecido dilema risco-retorno da administração do capital de giro.


Evidentemente, valores mais baixos de capital de giro podem levar a empresa a um aperto em sua liquidez, no caso de eventuais atrasos nos recebimentos, ou a sacrificar seu processo normal de produção e venda, na eventualidade de falta de estoques.


Dilema Risco-Retorno

Esse dilema risco-retorno é ilustrado em Brigham, Gapenski e Ehrhardt com três posturas que uma empresa pode assumir com relação a seus investimentos em ativo circulante: conservadora, média e agressiva.


A política conservadora, segundo o raciocínio dos autores, levaria a empresa a diminuir seu risco mediante aplicações mais elevadas em capital de giro. Assim, seriam elevados os recursos aplicados em caixa para fazer frente a desembolsos não previstos; em valores a receber, permitiria, com uma política de cobrança mais frouxa, elevar as vendas; e, em Estoques, diminuiria o risco de eventuais atrasos no processo produtivo ou a perda de vendas inesperadas e de maior volume, por falta de itens estocados.


As demais políticas que poderiam ser adotadas média e agressiva) preveem progressivas reduções nesses investimentos circulantes, o que determina elevação do risco da empresa e também paralelo incremento em sua rentabilidade por adotar menor participação relativa de itens menos rentáveis.


EXEMPLO ILUSTRATIVO


Considere no Quadro 24.5 três níveis de aplicações em capital de giro. Para melhor ilustrar o dilema risco-retorno, admitiu-se que o ativo permanente assume um valor fixo quaisquer que sejam os níveis de participação do ativo circulante.


O passivo da empresa, por sua vez, é estruturado de forma proporcional ao total das aplicações. Assim, o passivo circulante financia 20% do ativo total, o exigível de longo prazo 30%, e o patrimônio líquido, 50%.


Supondo-se que o custo nominal de crédito de curto prazo seja 15% e o do exigível a longo prazo de 20%, a empresa apresentaria, para um lucro operacional bruto (lucro antes dos juros e do Imposto de Renda) de $ 1.000.000, os seguintes resultados para cada um dos níveis considerados (Quadro 24.6). (CLIQUE AQUI)


A definição de volume adequado (ótimo) de capital de giro deverá, ao mesmo tempo, obedecidas as particularidades operacionais da empresa e de seu ambiente, maximizar seu retorno e minimizar seu risco. No entanto, a fixação desse volume ótimo depende de uma série de expectativas futuras, cujos valores são, muitas vezes, de quantificação incerta.


IMPORTANTE


Observe na ilustração numérica considerada que, quanto maior for a participação do capital de giro sobre o ativo total, menor será a rentabilidade da empresa. Ao adotar uma postura de maior risco, com menores aplicações no capital de giro, a empresa consegue auferir retorno maior do que se adotasse uma política tradicional, definida pelos altos investimentos em circulantes. (CLIQUE AQUI)


Os custos do investimento em capital de giro são formados pelos gastos com manutenção e armazenagem de produtos e, principalmente, pelo custo de oportunidade do capital alocado ao ativo circulante. São conhecidos por custos de carregamento. Quanto maior o volume do investimento, mais alto se apresenta o custo de carregamento.


Quando diminui o investimento em giro, surgem outros tipos de custos, identificados principalmente pelos custos de falta. Os custos de falta podem incluir insuficiência de caixa para pagamentos ou para concessão de crédito a clientes, falta de estoques para atender algum pedido de venda, entre outros.


Ao contrário dos custos de carregamento, o custo de falta diminui de acordo com o aumento de investimentos em capital de giro.


ALEXANDRE ASSAF NETO

Economista e pós-graduado (mestrado e doutorado) em Métodos Quantitativos e Finanças no exterior e no país. Possui o título de livre-docente pela Universidade de São Paulo (USP). Professor Emérito da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da USP e atua como professor e coordenador de cursos de desenvolvimento profissional, treinamentos in company e cursos de pós-graduação lato sensu – MBA. Autor e coautor de vários livros e mais de 70 trabalhos técnicos e científicos publicados em congressos e em revistas científicas com arbitragem no país e no exterior. Consultor de empresas nas áreas de Corporate Finance e Valuation e parecerista em assuntos financeiros.


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