Diagramas de indicadores de desempenho
- Contador SC
- 4 de mar. de 2020
- 3 min de leitura
Um dos mais importantes instrumentos de análise é a construção de diagramas de índices, expostos sequencialmente, de forma que se obtenham não somente os resultados finais do desempenho da empresa ao longo do tempo mas também, principalmente, as causas que determinaram as eventuais variações ocorridas. Procura-se, em outras palavras, melhor detalhamento e nível de compreensão das causas que influíram na evolução apresentada nos indicadores finais de rentabilidade.
Visando explicar melhor a construção e o uso desses diagramas, considere os valores transcritos a seguir:

Decomposição do Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE)
A rentabilidade sobre o capital próprio investido numa empresa é determinada, conforme se demonstrou, pela relação verificada entre o lucro líquido (após o Imposto de Renda) e o patrimônio líquido (total dos recursos próprios investidos). Assim, utilizando-se dos valores do exemplo apresentado, tem-se:

Verifica-se, dessa forma, que os acionistas obtiveram um retorno de 10,93% sobre seu capital aplicado, ou seja, para cada $ 1,00 investido, auferiram $ 0,1093 de retorno líquido. Comparando, a seguir, este resultado com os mesmos obtidos em datas anteriores e com os padrões representativos do setor de atividade da empresa, por exemplo, pode haver algumas indicações sobre a qualidade do desempenho. No entanto, não é possível identificar, pela expressão considerada, as principais causas que determinaram a taxa de retorno calculada.
Na realidade, o comportamento desse indicador é função da rentabilidade das vendas (margem líquida) e do giro do patrimônio líquido. O primeiro índice foi explicado anteriormente ao serem estudados os indicadores de rentabilidade. O segundo indicador, de forma semelhante às demais medidas de giro comentadas, indica o número de vezes que o patrimônio líquido (recursos próprios da empresa) foi utilizado (girou), em determinado exercício, em função das vendas realizadas. Sua expressão de cálculo é obtida, assim, mediante o relacionamento das vendas líquidas com o valor total do patrimônio líquido.
Assim exposto, a rentabilidade sobre o patrimônio líquido pode ser decomposta da maneira seguinte:

Apesar da pequena margem líquida (1,54%), o ROE alcançou 10,93% devido, basicamente, ao maior giro dos recursos próprios (7,10 vezes). Alterações que venham a ocorrer nesse índice de rentabilidade ao longo do tempo podem ser analisadas pelo entendimento de seus índices associados (margem e giro), concluindo-se por melhor identificação das causas.
Decomposição do Retorno Sobre o Ativo (ROA)
O Retorno Sobre o Ativo (ROA) constitui um dos mais importantes indicadores de rentabilidade de uma empresa, sendo calculado pela relação entre o lucro líquido gerado pelo ativo (lucro operacional após o IR), conforme definido, e o ativo total, devendo esse valor estar expresso em moeda de mesma data.
Pelos dados do exemplo considerado, tem-se:

Esse indicador, na verdade, é reflexo do desempenho de duas medidas: margem operacional e giro do ativo total. O giro do ativo identifica o grau de eficiência com que os ativos são usados para a realização das vendas da empresa. Em outras palavras, revela quantas vezes as receitas das vendas cobriram, em determinado ano, os ativos totais da empresa. Seu cálculo, em consequência, é efetuado por meio da relação entre as vendas líquidas e os ativos totais.
Tendo-se expresso o exemplo ilustrativo em valores corrigidos, o ROA pode ser desmembrado, de acordo com o proposto, da forma seguinte:

Pelo desdobramento efetuado, o analista pode avaliar, com maior grau de detalhes, os motivos que determinaram o retorno alcançado. Se o retorno esteve aquém do esperado, por exemplo, as medidas corretivas poderão ser acionadas diretamente sobre as causas, ou seja, sobre a margem de lucro ou sobre o giro do investimento.
Principais fatores que influenciam a Margem Operacional:
• Volume de vendas e política de preços
• Margem de lucro e custos
• Capacidade ociosa
• Forte concorrência
• Tecnologia etc.
Principais fatores que influenciam o Giro do Ativo:
• Inadimplência
• Ativos obsoletos e ociosos
• Estoques em excesso
• Baixa demanda
• Alta imobilização etc.
ALEXANDRE ASSAF NETO
Economista e pós-graduado (mestrado e doutorado) em Métodos Quantitativos e Finanças no exterior e no país. Possui o título de livre-docente pela Universidade de São Paulo (USP). Professor Emérito da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da USP e atua como professor e coordenador de cursos de desenvolvimento profissional, treinamentos in company e cursos de pós-graduação lato sensu – MBA. Autor e coautor de vários livros e mais de 70 trabalhos técnicos e científicos publicados em congressos e em revistas científicas com arbitragem no país e no exterior. Consultor de empresas nas áreas de Corporate Finance e Valuation e parecerista em assuntos financeiros.
Fonte: Gennegociosegestao.com.br/
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